Eles estão com fome. Você é o jantar...
É impossível falar de produções trash e não se lembrar de algum clássico dos anos 80 e 90, época em que esses tipos de filmes faziam bastante sucesso, todavia não é todo mundo que curte essa pegada mais descompromissada, muitas vezes exagerada, com um alto teor de violência, gore e cenas mega nojentas. É um subgênero que você gosta ou você detesta. No meu caso sou extremamente apaixonado e em 2005 tive uma das maiores surpresas e experiências no subgênero com ótimo Banquete no Inferno, uma produção relativamente desconhecida do grande público, que traz uma narrativa tosca, mas com certas peculiaridades que o torna um excelente representante do cinema trash e um filme B de primeira.
A história se passa num bar decadente localizado no meio do deserto no Texas, cuja rotina é atrapalhada por um casal em pânico que aparece do nada dizendo que sofreram um acidente e foram atacados por criaturas sanguinárias e que agora elas estão indo para o local com o objetivo de transformar todos no recinto em jantar. Não demora muito para as criaturas atacarem e mostrar o quão são perigosas. Os sobreviventes agora deverão bolar um plano para saírem vivos do bar antes que eles virem "lanchinho" de uma família de predadores famintos.
A grande sacada de Banquete no Inferno é não se levar a sério em nenhum momento. Logo concluímos que aqueles que forem vê não cometam o erro de esperar algo dentro da lógica. Dentre os diversos pontos positivos devo ressaltar o roteiro escrito por Marcus Dunstan e Patrick Melton que sabe exatamente aquilo que quer, eles simplesmente pegam um monte de personagens e colocam dentro de um bar isolado e adiciona criaturas sanguinárias para matar todos, pronto, o palco está montado, é algo ruim? Bom, logo no início já fica claro que o foco não é o enredo e sim a diversão descompromissada, a violência explicita e o gore, então de certa forma é uma ótima jogada.
Outro aspecto que ajuda bastante num resultado satisfatório são os personagens. Cada um deles é um espelho caricato proposital de personagens recorrentes em filmes de terror, têm o herói galã e prepotente que acha que salvará a todos, o idiota babaca que faz piada nas horas erradas, a loira burra e gostosa, o gay e seus discursos motivacionais, a criança inocente, o aleijado, os velhos, a final girl, dentre vários outros. É literalmente um desfile de personalidades caricatas. Não esperem por qualquer desenvolvimento mais profundo, no entanto, a grande maioria transborda carisma, que no final das contas se mostra essencial justamente para nos apegarmos e torcer como consequência por suas vidas.
Como disse a produção foca mesmo é nas mortes e de fato é o maior destaque do filme, é literalmente litros e litros de sangue. Cada morte é mais bizarra que a outra. O diretor John Gulager (Piranha 2 e O Colecionador de Corpos 2) investe pesado em efeitos práticos e mortes chocantes regadas a muita violência e vísceras. Outra jogada espetacular foi a de não polpar ninguém, ninguém mesmo!! Nesta questão o roteiro ganha muitos pontos simplesmente por matar personagens que não costumam morrer, o que acaba pegando o espectador de surpresa. Já digo que isso não acontece uma ou duas vezes, e sim várias, a melhor delas é a primeira morte, toda trabalhada na ironia e de uma genialidade louvável.
Dos personagens destaco o coitado do Beer Guy (Judah Friedlander) é a figura que mais sofre e o que rende as cenas mais nojentas (totalmente contra indicado para quem possui estômago fraco), destaco também a presença de alguns rostos conhecidos como Henry Rollins (Floresta do Mal), Krista Allen (Premonição 4), Navi Rawat (O Colecionador de Corpos 2), Jason Mewes (Pânico 3), Eric Dane (Grey´s Anatomy) e Clu Gulager (A Volta dos Mortos Vivos). É engraçado que a maioria deles possui nomes bem "sugestivos" (cara de cerveja, torta de mel, rodas quentes) enfim(...) sem comentários!! Os antagonistas são outro ponto fortíssimo, são bem esquisitos e nojentos, que cena foi aquela do pênis (!!). O roteiro não aprofunda muito a origens deles ou insere qualquer mitologia, exceto a questão da gestação instantânea ( que foi aquilo?!!), mas no geral cumprem bem o papel de predadores mortais.
Resumindo, Banquete no inferno entrega aquilo que se espera de filmes trash, ou seja, situações absurdas beirando a "tosquice", muita violência explicita, cenas nojentas e personagens carismáticos. Mais que isso a produção têm a façanha de surpreende espectador com algumas mortes e por investir numa comédia ácida, repleta de humor negro e com algumas sacadas geniais, a começar pela forma de apresentar os personagens mensurando a expectativa de vida de cada um, totalmente impagável e original. De certa forma a narrativa brinca com os clichês e de forma alguma tenta ser aquilo que não é. Com um ritmo frenético e ótimas doses de gore o longa é uma ótima escolha para entretenimento passageiro e de qualidade.
Ps: O filme apesar de ser relativamente desconhecido ganhou bastante fãs com o passar do tempo e poucos sabem, mas existe duas sequências que infelizmente nunca chegaram a ser lançadas no Brasil, no entanto pode ser facilmente encontrado na internet uma versão legendada, já fica aí a dica.
INSTAGRAM: EXPLOSÃO CEREBRAL
Título Original: Feast
Ano de Lançamento: 2005
Direção: John Gulager
Elenco: Balthazar Getty, Henry Rollins, Navi Rawat, Judah Friedlander, Josh Zuckerman, Jason Mewes, Jenny Wade, Krista Allen, Clu Gulager, Anthony Treach Criss, Eric Dane, Diane Ayala Goldner, Tyler Patrick Jones, Eileen Ryan.
Trailer:
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