Crítica | Dia de Trabalho Mortal (2016)


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Tenho uma "quedinha" por premissas que exploram todo o lado psicológico dos personagem frente a situações extremas e de alta periculosidade. É aquela famosa frase, se quer conhecer a verdadeira natureza de alguém basta pressioná-la e coloca-la em um contexto de perigo, ai meus amigos não têm para ninguém, pois é onde o instinto de sobrevivência fala mais alto e a lei dos mais espertos e mais fortes emerge para ditar uma nova ordem baseada no caos e no medo. Não é atoa que sou extremamente fã da trilogia Uma Noite de Crime que aborda esse tema excepcionalmente e  além dela temos o japonês Batalha Real, o bom Aprisionados (2005) e a própria franquia Jogos Mortais. Nesse ano tivemos o elogiado Dia de Trabalho Mortal, uma das produções que mais ansiava ver em 2017.

Na trama, um grupo de 80 funcionários são aprisionados dentro do edifício em que trabalham, a Belko Industries, localizado em um lugar afastado de Bogotá. Sem entender o que está acontecendo as pessoas começam a se desesperar e para piorar tudo eles descobrem que estão sendo testados em uma espécie de experimento. O jogo consiste basicamente em matar os colegas de trabalho e caso os objetivos passados não sejam concluídos no tempo exigido as consequências se mostrarão piores. Entre a razão e a emoção os funcionários começam a se dividir e não demora muito para o caos se instalar. Em meio a um cenário violento e sem regras cada um deverá lutar por sua vida ou se não perecer diante da crueldade humana.


O primeiro chamativo da produção é o roteiro assinado por ninguém menos que James Gunn, o cara por trás de Guardiões da Galáxia, seu script não traz nada de excepcional que já não tenha sido abordado pelos filmes já citados, no entanto, a execução e a direção certeira do já experiente no gênero Greg McLean (Wolf Creek - Viagem ao Inferno e Morte Súbita) são preponderantes para um resultado satisfatório e empolgante. Confesso que tudo que esperava da produção foi entregue e em nenhum momento fiquei com aquela sensação de decepção, ou seja, para mim é um dos melhores filmes do ano. Como disse McLean é certeiro, ele consegue trazer uma tensão crescente que vai afunilando conforme a situação começa a sair do controle. O cineasta sabe explorar sequências angustiantes e claustrofóbicas que deixam o espectador grudado na tela e apreensivo pelo que esta por vir.

Além do ritmo frenético e empolgante outro aspecto que acaba agrandando é fato do diretor não economizar na violência, ele entrega cenas sangrentas e algumas mortes bem inspiradas. As mortes em questão trazem uma crueza bacana e o melhor, sem CGI, as que mais impactam são dos personagens que ganham mais destaque na narrativa, dentre elas, uma em especifico que acontece dentro do elevador me deixou pasmo, pois tal personagem passou por tanta coisa durante o filme pra no final das contas morrer daquela forma, não sei se achei broxante ou impactante, mas enfim, uma coisa que o roteiro não tem medo é de eliminar seus personagens, são várias perdas bem sentidas e o diretor é tão ordinário que várias delas têm um "quê" de ironia. Aliás, um dos erros da produção é introduzir uma quantidade enorme de personagens, são oitenta, claro que são poucos os que recebem destaque e são as mortes desses que mais impactam, já o restante está ali apenas para fazer número. Acredito que se o quantidade fosse mais reduzida o resultado poderia ser outro, justamente por possibilitar um desenvolvimento melhor de cada um.


Uma questão levantada em quase todos os filmes do tema e o lance da natureza humana e o tanto que podemos mudar diante de situações extremas, aqui não poderia ser diferente e o enredo logo dá um jeito de separar os politicamente corretos dos que sucumbem rapidamente ao instinto selvagem travando assim uma guerra sangrenta, tal situação é bem tratado pelo roteiro, mas já vi produções fazendo trabalhos melhores, contudo, não é nada que comprometa no resultado final que ainda continua ótimo. O desfecho ainda nos reserva algumas explicações e um plot twist bem manjado que me fez lembrar de vários filmes que utilizaram do mesmo artifício. Será que teremos sequência? Eu não acharia ruim.

No mas, Dia de Trabalho Mortal apesar de carecer de inovação se destaca por apresentar uma trama tensa, frenética, bem dirigida e com ótimas doses de violência. Apesar de uma quantidade excessiva de personagens, os poucos que recebem destaque acabam agradando por serem carismáticos. Enfim, tenso do início ao fim e com algumas boas sacadas e uma pitada de humor singela a produção entrega exatamente aquilo que se espera desse tipo de narrativa. Desde já o considero um dos melhores filmes do ano e um entretenimento de primeira linha. Mais do que recomendado.




INSTAGRAM: EXPLOSÃO CEREBRAL

Título Original: The Belko Experiment

Ano de Lançamento: 2016

Direção: Greg McLean

Elenco: John Gallagher Jr., Tony Goldwyn, Adria Arjona, John C. McGinley, Melonie Diaz, Owain Yeoman, Sean Gunn, Brent Sexton, Josh Brener, David Dastmalchian, David Del Rio, Gregg Henry, Michael Rooker, Rusty Schwimmer, Gail Bean, James Earl, Abraham Benrubi, Valentine Miele, Stephen Blackehart, Benjamin Byron Davis, Joe Fria, Mikaela Hoover, Maruia Shelton.

Trailer:




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