Crítica | Medo S.A. (2016)

Fazendo um assassinato. Um cliente por vez...

Você contrataria uma empresa especializada em dar sustos personalizados em seus clientes? Pois é dessa ideia maluca que o roteiro de Medo S.A. se sustenta. A trama nos apresenta Joe (Lucas Neff) um cara desempregado e sem perspectiva nenhuma na vida que deu sorte de se casar com a jovem e rica Lindsey (Caitlin Stasey). Joe é aficionado por filmes de terror e têm um desejo estranho de algum dia passar por grandes momentos aterrorizantes que nem nos filmes. Certo dia alguém lhe conta sobre uma empresa chamada medo s.a. cujo o objetivo é justamente passar um sufoco em quem contrata os seus serviços.

Curioso, Joe liga para a empresa e acaba sem querer e sem saber contratado o serviço da corporação. Agora ele, sua namorada e mais dois amigos terão que ser mais espertos para sobreviver ao ataque de maníacos mascarados e armados. Mas, até onde vai à realidade e a ficção? E até que ponto o medo pode nos levar?

É impossível não ficar ao menos curioso com uma ideia intrigante como essa, tá eu sei que o enredo não é nada original e flerta bastante com a narrativa do thriller dramático Vidas em Jogo do ótimo David Fincher, mas no caso de Medo S.A. a história é voltada para o terror e isso já cria vários caminhos interessantes que podem ser explorados.

A direção do estreante Vincent Masciale é certeira, o cara sabe envolver o espectador e consegue de forma eficiente desenvolver tanto o lado cômico da narrativa como o seu lado mais "pesado" digamos assim. Ele não investe naquela comédia "pastelona" e sem graça, pelo contrário, o humor é mais contido e sai justamente das reações dos personagens frente ao perigo, principalmente de Joe, por ser o mais cético quanto a veracidade da situação em si.

O longa também acerta em cheio em saturar a trama de referências a outros filmes de terror. Além do já citado Vidas em Jogo, o enredo presta homenagens diretas a grandes clássicos do gênero como O Iluminado, A Hora do Pesadelo, Halloween e O Sexto Sentido, porém as melhores sequências são as cenas chupadas diretamente de filmes como Pânico fazendo referencia a cena de abertura do original (até a malha de Drew Barrymore eles referenciaram, como não se apaixonar!!), Sexta-Feira 13 e a hilária cena de Jogos Mortais, minha preferida. Acreditem se quiser até Game of Thrones tem um espacinho aqui e curiosamente é responsável por uma das reviravoltas mais chocantes do filme.

Os personagens são bem aceitáveis, nada de muito surpreendente mas conseguem se sair bem, exceto o protagonista interpretado por Lucas Neff, que em muitas vezes consegue ser irritante e insuportável, mas enfim, não é nada que prejudique tanto. Só destaco a rápida participação de Abigail Breslin, rostinho bem conhecido no gênero. O roteiro tem a audácia de trazer não uma mais três reviravoltas, as duas primeiras não chega a chocar ou surpreender, eu, por exemplo, já esperava algo nesse sentido, porém há quem possa ser pego de surpresa quanto ao último plot twist, esse sim me deixou de boca aberta e como  já disse faz referência direta a Game of Thrones.

Bom, Medo S.A. apesar de um erro aqui e outro ali consegue entregar um produto divertido e interessante, seu maior acerto é prestar uma homenagem a diversos filmes de terror, o que acabará agradando a maioria dos espectadores que está por dentro do assunto. O diretor dosa satisfatoriamente a comédia com o terror  e se sai muito bem na construção de uma narrativa linear, por vezes tensa e ora hilária e ainda têm a façanha de chocar na conclusão. Uma sequência seria muito bem vinda não acham?! Recomendado.

INSTAGRAM: EXPLOSÃO CEREBRAL

Título Original: Fear, Inc.

Ano de Lançamento: 2016

Direção: Vincent Masciale

Elenco: Lucas Neff, Caitlin Stasey, Chris Marquette, Stephanie Drake, Mark Moses, Abigail Breslin, Richard Riehle, Patrick Renna, Naomi Grossman, Leslie Jordan.

Trailer: