Crítica | O Bom Vizinho (2016)



Você nunca sabe quem está assistindo...


Em um primeiro momento O Bom Vizinho aparenta ser aquele típico suspense mamão com açúcar digno do supercine, podendo inclusive ser comparado com produções como Paranóia, O Padrasto e várias outras, e apesar de não fugir muito desse rótulo o filme consegue sim ser bastante eficiente no que se propõe e ainda como bônus surpreende com uma trama bem construída, envolvente e em alguns momentos emocionante.

Na trama, conhecemos os jovens amigos Ethan (Logan Miller do "terrir" Como Sobreviver a Um Ataque Zumbi) e Sean (Keir Gulchrist do excelente terror indie Corrente do Mal). Os adolescentes veem planejando há algum tempo a execução de um experimento intitulado "Projeto Assombração", que consiste em fazer uma pessoa acreditar que sua residência seja assombrada por espíritos. Os dois decidem fazer esse experimento com o vizinho de Ethan, o misterioso, solitário e amargurado Harold Grainey (James Caan do clássico O Poderoso Chefão) um homem de meia idade cuja fama no bairro é bem ruim.


Para ajudar com o projeto os garotos contam com várias tecnologias de ponta que são instaladas na casa de Harold, além disso, eles utilizam câmeras escondidas para gravar todo o processo em seus mínimos detalhes. Com tudo nos conformes Ethan e Sean dão início ao projeto, todavia, mal sabem eles que mexer com o psicológico das pessoas podem tomar caminhos inimagináveis e sem volta.

Já começo elogiando a originalidade do roteiro escrito por Mark Bianculli e Jeff Richard, cuja abordagem é um tanto diferente do que estamos acostumados a assistir, aqui a história é desenvolvida em duas linhas temporais, uma mostrando todo o lance do experimento e suas consequências e a outra ocorrendo mais a frente, onde descobrimos que alguma coisa saiu errado no projeto e agora está sendo investigado pelo tribunal. O mais interessante é que ambas vão se complementado e servindo de explicação para outra.


Além do roteiro,  a direção do estreante Kasra Farahani é muito competente, ele consegue construir um clima de tensão crescente e angustiante. Os personagens também têm seus méritos, Ethan e Sean não são aqueles típicos adolescentes estereotipados, bem longe disso, o roteiro se preocupa em construir a personalidade de cada um cuidadosamente. No entanto, quem rouba a cena é Harold, o desenvolvimento do personagem é excelente. As atitudes dele frente a situações que em regra deveriam assustar é bem curioso. O diretor nesse ponto utiliza de cenas de flashback para construir e dar mais camadas ao personagem. 

Não esperem por sustos, mortes ou um ritmo acelerado, a trama é arrastada e minimalista, não é algo ruim quando bem construído, porém sei que têm cinéfilos que não gostam desse tipo de abordagem. No final das contas o que realmente impressiona é a revelação do passado de Harold onde entendemos os motivos que o levaram a cometer determinada ação, a cena em si choca e ao mesmo tempo emociona justamente pela simplicidade do plot twist que não recorre a coisas complexas e mirabolantes.


No geral, O Bom Vizinho é um filme intrigante, repleto de tensão, suspense e ótimas atuações. A revelação final garante uma conclusão dramática e reflexiva sobre o verdadeiro antagonista da premissa. A conclusão pessimista pode deixar um gostinho agridoce de revolta, inclusive senti isso, no entanto não tira o mérito de ser um excelente filme.


INSTAGRAM: EXPLOSÃO CEREBRAL

Título Original: The Good Neighbor

Ano de Lançamento: 2016

Direção: Kasra Farahani

Elenco: James Caan, Logan Miller, Keir Gilchrist, Laura Innes, Edwin Hodge, Anne Dudek, Bailey Noble, Lili Reinhart, Mindy Sterling, Nik Dodanik Tamlyn Tomita.


Trailer:





Comentários

  1. Eu vi esse filme a poucos dias, e no final fiquei muito triste com o destino de certo personagem , quase chorei pra dizer a verdade! Este filme me surpreendeu positivamente num todo.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Concordo com o que disse!! Final bem triste e filme surpreendente!

      Excluir
  2. Esse filme é muito bom. Parece mais um desses suspenses, mas é bem mais profundo. O fim me deixou impactada, triste, porém realista.

    ResponderExcluir

Postar um comentário