Crítica | A Seita Maligna (2016)



Uma nova dimensão do mal...


The Void é uma produção independente lançada no início do ano e que acabou chamando bastante atenção no gênero por apresentar uma narrativa repleta de homenagens a grandes clássicos do terror e ainda por conseguir transmitir aquela nostalgia gostosa de produções dos anos 80 que misturavam terror com ficção-cientifica.

Na trama, o policial Daniel (Aaron Poole) numa ronda de rotina acaba se deparando com um homem desesperado e confuso saindo de uma floresta, quando vai tentar ajudá-lo Daniel descobre que ele está ferido e sem pensar duas vezes o leva para o hospital mais próximo. No entanto, o tal homem acaba atraindo dois homens para o local que está caçando-o e para piorar as coisas o estabelecimento é cercado por várias pessoas encapuzadas que estão determinadas a manter todos presos no lugar. Não demora muito para o policial e as pessoas no hospital perceberem que esses são os menores dos seus problemas e que há algo mais mortal rondando os corredores da clínica.


Bom, The Void é aquele tipo de filme que surpreende o espectador a todo momento, sua narrativa não fica presa a uma linearidade, essas mudanças poderiam sim gerar um impacto bastante negativo e tornar a trama uma bagunça, mas curiosamente a transição é algo tão bem feito, que o resultado é justamente o contrário, exceto quando estamos falamos do último ato. O primeiro grande trunfo do roteiro é brincar com os antagonistas, a história começa nos apresentando dois homens botando o terror em um casal e logo concluímos que se trata dos vilões, só que na verdade não são e logo vêm as figuras encapuzadas e mais adiante o grande chamariz do filme que não mencionarei para não estragar a experiência.

No que se refere a condução da história tudo está muito bom, a dupla de cineastas Jeremy Gillespie e Steven Kostanski consegue prender e mantém um ótimo ritmo  que empolga bastante, além disso, o enredo foca num suspense bacana e em várias sequências tensas. A construção da atmosfera também ajuda muito em intensificar a sensação de tensão e claustrofobia principalmente pelos personagens estarem isolados em um hospital quase abandonado e ainda estarem cercados por pessoas que não querem que eles saiam. A agonia e o desespero logo toma conta e piora quando eles descobrem que o que está lá dentro é muito pior. 


Outro ponto forte da película é todo seu lado técnico, principalmente no que se refere ao trabalho de maquiagem, que literalmente deixará muitos  de boca aberta, até agora estou pasmo!! A qualidade apresentada é de primeira e mais uma vez nos ensina que o talento é superior a qualquer restrição de orçamento. Os monstros estão magníficos e lembram bastante O Enigma de Outro Mundo, justamente por ter aquele lance de fusão entre a vítima e o hospedeiro que é muito bem explorado pela direção. A cena que ocorre em um quarto todo iluminado de vermelho também se destaca e enche os olhos com tanto detalhes e mais uma vez os efeitos práticos se destacam, quem diria que em pleno 2016 os animatronics ainda seriam utilizados, são nesses momentos que a nostalgia bate e nos faz lembrar do período em que os efeitos práticos estavam no auge.

As mortes também estão ótimas e se destacam por apresentar uma violência fora do padrão, os diretores não economizam no sangue e em cenas gráficas, o que agradará quem gosta de gore. Já com relação aos personagens, alguns conseguem ser interessantes, mas outros nem tanto e quanto as atuações, no geral, estão boas principalmente a do protagonista que é de longe um dos melhores personagens.


Quanto aos pontos negativos, um que incomodou bastante é a reviravolta em torno do vilão-mor, achei essa jogada bem forçada e as motivações do personagem torna tudo muito caricato. Outra questão que acaba sendo controvérsia é todo o lance de simbologia e abstração que a narrativa adere. Não esperem por um final mastigado e cheio de explicações, longe disso, tudo acaba ficando por conta do próprio espectador de formular suas próprias teorias, não gosto muito desse tipo de finalização, mas enfim... confesso que me veio na cabeça o excêntrico escritor H.P Lovecraft, a história em si é bem a cara dele, principalmente o terceiro ato que fará os "lovecraftianos" delirarem de alegria!!

No geral, The Void é aquele filme que começa simples e termina complexo. Num todo é um ótimo filme que consegue entregar vários momentos interessantes. O roteiro dá aquela derrapada com o vilão e nas explicações subjetivas e nada convencionais, que acabará não agradando alguns, porém é nos efeitos práticos, nas referências e nas homenagens que o filme consegue agradar e se sustentar, é uma produção nostálgica e muito anos 80, super recomendado. 



Título Original: The Void

Ano de Lançamento: 2016

Direção: Jeremy Gillespie e Steven Kostanski

Elenco: Aaron Poole, Kenneth Welsh, Daniel Fathers, Kathleen Munroe, Ellen Wong, Mik Byskov, Art Hindle, Stephanie Belding, James Millington, Evan Stern, Grace Munro.

Trailer:






Comentários

  1. Até agora tinha concordado com todas as críticas que li até o momento, mas desde filme discordo totalmente, achei the void uma completa porcaria e perda de tempo. Mas em fim assistam e tirem suas conclusões.

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