Crítica | Morando Com o Medo (2016)

Você não pode evitar o que já está dentro...

Um recurso que está começando a virar moda em filmes de terror são aqueles tipos de premissas que tentam enganar o espectador sobre as suas verdadeiras intenções, geralmente levando-nos a acreditar que se trata de determinado tipo de história, mas no fundo é apenas uma maneira de surpreender. Morando Com o Medo faz justamente essa jogada, porém a meu ver, o faz tarde de mais para salvá-lo de um resultado no mínimo questionável.

Na história, depois de passar por um período desempregado John (Michael Vartan) consegue um bom emprego, entretanto, em outra cidade,  para não perder a oportunidade ele se muda com a segunda esposa Melanie (Nadine Velazquez) e a filha Hannah (Erin Moriarty) para o tal local e acaba financiando uma casa no subúrbio de preço acessível (Será porquê??). Contrariada por trocar de escola no ano da formatura e ainda por ficar distante de seu namorado Tommy (Blake Jenner) Hannah tenta se adaptar a essa nova realidade.

Já nos primeiros dias a jovem  começa a desconfiar de que existe algo de errado com a casa, principalmente por ouvir sussurros e barulhos estranhos. Logo ela pesquisa o passado do local e descobre uma história macabra envolvendo a residência. No entanto, mal sabe ela que os mistérios da casa são bem mais profundos e mortais.

O roteiro de Gary Dauberman (Annabelle) divide a trama em dois momentos. O primeiro funciona basicamente como um típico thriller sobrenatural de casa assombrada, os clichês estão todos aqui, barulhos estranhos, sussurros, passos, objetos fora do lugar, enfim tudo mesmo até o blá blá blá do passado sombrio da casa que foi palco de uma chacina o roteiro não dispensa. É justamente essa parte o elo mais fraco da película, a condução é tão preguiçosa e ineficiente que não há sustos, tensão ou suspense tudo é feito da forma mais básica e chata possível.

Os dramas não convencem e as atuações são péssimas, nem Erin Moriarty, atriz em ascensão em Hollywood, consegue entregar um bom desempenho. O roteiro é tão ordinário que ainda tem a capacidade de inserir uma subtrama envolvendo um vizinho tarado que nada agrega a trama,  o máximo que ele faz e tirar a atenção dos mais desatentos do verdadeiro propósito, mas acho difícil isso acontecer.

E quando tudo parece estar caminhando para o buraco sem fim da mediocridade, eis que é jogado um plot twist "bacaninha". A partir daí a trama ganha novos ares e um ritmo mais acelerado, contudo, acredito que até aqui muito já terão abandonado a projeção, nem julgo, eu o faria se não estivesse compromissado com o blog. A revelação consegue ser surpreendente, entretanto, a maneira que a mesma é feita tira o impacto que em regra deveria ter. Pelo menos ela garante uma grande sequência de perseguição repleto de tensão e não recomendado para os claustrofóbicos de plantão. 

Porém, mais uma vez há uma tentativa de pegar o público de surpresa com outro plot twist, só que dessa vez é tão ridículo e cheio de furos que fica impossível levar a sério, aliás, são vários furos e perguntas que ficam no ar, tipo!! Cadê o corpo de determinado personagem? foi devorado? Evaporou? Enfim, Não esperem uma conclusão digna ou respostas, e pra fechar com aquele gostinho amargo o filme termina com aquela maldita cena que deixa a conclusão em aberto, ou seja, não têm nem um final digno.

No geral, Morando Com o Medo começa muito mal, tudo que vemos são reciclagens das ideias de vários outros filmes, no entanto o plot twist da metade final garante um gás a história, não o suficiente para tornar a obra uma maravilha. Somente na conclusão conseguimos entender a trama num todo, porém a condução monótona da primeira metade e os diversos furos fazem dessa narrativa um produto assistível e esquecível, uma pena, talvez em outras mãos o resultado fosse mais satisfatório.

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Título Original: Within

Ano de Lançamento: 2016

Direção: Phil Claydon

Elenco: Michael Vartan, Erin Moriarty, Nadine Velazquez, Ronnie Gene Blevins, JoBeth Williams, Dorian Kingi, Blake Jenner, Misty Upham, Tom Wright.

Trailer: