Crítica | A Criatura Sombria (2017)

Não há escapatória disso...

Ok!! Não importa o que os críticos argumentem, no final das contas cada filme toca determinado espectador de maneira diferente, por exemplo, eu cresci assistindo aqueles slashers pós Pânico detonados pelas críticas especializadas. Querendo ou não tenho um amor especial por esses filmes (nostalgia no caso) e isso meus caros é só um dos diversos fatores que podem levar um indivíduo a gostar de uma produção específica que não necessariamente tenha caído no gosto popular. Outro fator que influência nessa questão é a própria experiência da pessoa no gênero, um cinéfilo com uma boa bagagem por exemplo provavelmente irá detestar esses filmes caça-níqueis cujo único objetivo é arrecadar dinheiro com enredos básicos e sem qualquer novidade, porém, tal produto poderá de certa forma agradar um público menos exigente.

Seja como for e de um modo geral é sempre bom conferir qualquer coisa antes de julgar (exceto os filmes da Syfy que já são ruins por natureza). Comecei a crítica com essa breve (!) explanação porque antes de conferir Devil in the Dark pesquisei algumas opiniões na internet e para meu espanto a grande maioria detonou a produção, ou seja, fui assistir esperando uma tremenda bomba, mas é ai que as coisas ficam complicadas, pois eu gostei do que vi. Não vou negar que a narrativa não apresenta problemas, tem sim, mas a meu ver estão longe de de torná-lo ruim.

Na trama, Clint (Dan Payne) e seu irmão Adam (Robin Dunne) ficaram afastados durante 15 anos, depois desse longo período Adam resolve visitar o irmão e numa tentativa de se aproximarem e deixarem de lado as mágoas do passado eles decidem acampar numa floresta que eram acostumados a ir quando  crianças. Porém, além das diferenças de personalidade e dos ressentimentos ainda existente tal jornada se mostrará mais difícil do que o imaginado quando ambos começam a desconfiar de que existe algo estranho na floresta, que curiosamente está diretamente ligado ao passado de Adam.

Bom, pela sinopse já da para perceber que o enredo não é nem um pouco original, acampar em florestas e ser perseguido por criaturas malignas não é novidade para ninguém e A Criatura Sombria não tem a mínima intenção de revolucionar o subgênero, no entanto, tenho que confessar que a abordagem e foco da narrativa é um "pouquinho" diferente do usual. Primeiramente, boa parte da premissa, neste caso, mais da metade foca inteiramente em trabalhar os dramas dos personagens principais. Durante todo esse tempo acompanhamos o desenvolvimento da relação entre os irmãos Clint e Adam. Até então há pouco espaço para o terror e até aqui a trama se comporta como um típico drama.

Claro! O roteiro não esquece sua origem e trabalha o terror de forma singela, tipo, aquela cena de abertura já nos dá uma sensação incrível de desespero e quando os irmãos resolvem voltar para a mesma floresta tempos depois o clima que permeia é de que a qualquer momento alguma coisa de ruim irá acontecer, isso demora a ocorrer? Sim, demora, mas quando acontece é magistralmente assustador, eu simplesmente não esperava por uma aparição naquele momento e isso é o que mais impacta. O roteiro te pega desprevenido e isso é uma ótima sacada. Os momentos finais do terceiro ato são realmente assustadores, neste ponto  Tim Brown consegue mesclar bem o clima de desespero e claustrofobia que é impossível não ficar apreensivo. 

As atuações estão boas, mas o que chama a atenção é a química entre Robin Dunne e Dan Payne que no final das contas se torna essencial para nos apegarmos aos personagem. Todo o desenvolvimento envolta dos irmãos também está muito bom, muitos poderão achar arrastado esse lado dramático, mas achei muito válido, pois nos faz importar com Clint e Adam e ao mesmo tempo prepara o terreno para um terceiro ato assustador. Como nem tudo são rosas, os conceitos em volta da criatura, que aliás é muito assustadora,  fica muito vago, tipo, o que esse "ser" seria? Qual o seu objetivo? Enfim, muitas perguntas ficam no ar e a cena final ainda deixa uma grande "bugada" no cérebro e um ponta enorme para uma sequência (eu preciso ter respostas!!).

No geral, Devil in the Dark é um excelente filme, adorei sua proposta e comprei totalmente sua abordagem, claro, muitos irão discordar da minha opinião argumentado que a trama é cheia de blá blá blá, além de ser arrastada e aproveitar pouco o antagonista, mas enfim, confesso que gostei dos dramas e da maneira que tudo foi entregue, de fato algumas explicações sobre a criatura seriam bem vidas e tornariam a trama mais interessante, mas num todo é uma história eficiente, curiosa e com um final empolgante. Recomendo.

INSTAGRAM: EXPLOSÃO CEREBRAL

Título Original: Devil in the Dark

Ano de Lançamento: 2017

Direção: Tim Brown

Elenco: Robin Dunne, Dan Payne, Daniel Cudmore, Briana Buckmaster, Rebecca Reichert.

Trailer: