Crítica | 31 (2016)



A morte é a única saída...


Desde quando o metaleiro Rob Zombie começou a se arriscar na difícil tarefa de comandar um filme, seus projetos ficaram marcados entre os amantes do gênero, seja para o bem ou para o mal. Ocorre que o cineasta é o tipo que você gosta ou não gosta e apesar de Zombie ter vários defeitos no quesito direção, todos os seus projetos costumam apresentar peculiaridades e características semelhantes, ou seja, ele é linear e fiel ao seu estilo, por isso se você já viu algum filme dele e não gostou, a chance de não gostar dos outros é muito grande, claro sempre existem exceções.  31 é até então seu último protejo no gênero, cuja realização demorou certo tempo sair do papel por causa dos custos com produção que no final das contas foram bancados pelos fãs do diretor.

Na trama, Charly (Sheri Moon Zombie), Roscoe (Jeff Daniel Phillips), Panda (Lawrence Hilton), Venus (Meg Foster) e Levon (Kevin Jackson) são sequestrados por uma quadrilha de psicopatas. Imobilizados, os cinco são recepcionados pelos excêntricos anfitriões Father Murder (Malcolm McDowell) e Sister Serpent (Jane Carr) que explicam ao grupo que eles foram selecionados para participar de um jogo chamado 31. As regras sãos simples, os participantes deverão permanecer vivos durante 12 horas, no entanto, tal tarefa se mostrará um tanto complicada pois, diversos psicopatas dos mais variados tipos e estilos estão sedentos para caçar e destroçar suas novas presas.


Como disse, o Rob Zombie tem suas peculiaridades e algumas delas são terrivelmente insuportáveis e o pior, são recorrentes em quase todos os seus filmes. O primeiro problema é o  roteiro, um dos seus pontos mais fracos, ele simplesmente não sabe explorar a história com eficiência, tipo, apesar de meio clichê o enredo traz algo de interessante, o jogo em si é curioso e se bem trabalhado poderia render um ótimo filme de terror, contudo, o roteiro nos insere na situação e pronto, pouca coisa é desenvolvida a partir daí, o que acaba tornando a trama pobre de conteúdo. É impossível não ficar se perguntando qual o objetivo dos envolvidos com o jogo, entretenimento pessoal? Ou algo para um público maior? Alguma espécie de reality? Enfim, muita coisa é deixada no ar.

Outro ponto fraco são os personagens, todos estão bem trabalhados na "canastrice" e o desenvolvimento, bem, esse é tão raso e superficial que fica difícil criar qualquer vínculo, em certo momento alguns até conseguem se redimir, porém uma questão que nunca vou me adaptar é  a supervalorização da péssima/horrível Sheri Moon Zombie (mulher do diretor!!) e a insistência de Rob Zombie e colocá-la em papeis de destaque. Cara!! Ela é insuportável, simplesmente não dá para engolir nada que venha dela, a personagem já é fuleira e isso somado com a péssima atuação e o carisma quase nulo, torna tudo em volta dela um lixo. Sinceramente me peguei torcendo pelos personagens de Jeff Daniel Phillips (As Senhoras de Salém) e Meg Foster (Eles Vivem) que são mil vezes melhores que a dela.


Além de todos esses problemas o diretor têm uma tendência de focar em diálogos carregados de palavrões do mais baixo nível e pior ainda ele traz diversas sequências gratuitas e desnecessárias de nudismo, algo frequente em suas produções. Bom, e apesar de todos esses contras, o filme consegue sim entreter, mesmo não sendo um dos melhores filmes do diretor, a trama basicamente se sustenta na violência explicita e nas diversas perseguições e mortes. O mais interessante é que o jogo é dividido por fases e em cada fase os sobreviventes enfrentam vilões diferentes, dentre os quais se destacam os irmãos motosserras (Leatherface mandou um oi duplo!!), a criaturinha inspirada na Arlequina, cuja participação é medíocre, mas a caracterização é ótima, o vilão-mor responsável por um monólogo inspirador logo no início e cuja  caracterização lembra muito o coringa de Heath Ledger e acreditem se quiser até um anão psicopata e adorador do Hitler têm espaço aqui. Talvez com um acabamento melhor eles pudessem render cenas épicas, mas a maioria é apenas subaproveitado.

A direção de Rob Zombie continua com aquele aspecto de amadorismo, com cortes rápidos, enquadramentos ruins e uma câmera nervosa que impende o espectador de entender em alguns momentos o que acontece em cena, porém ele acerta na fotografia e na trilha sonora toda trabalhada no rock clássico. Já no clímax o diretor mais uma vez consegue  errar e entrega uma conclusão decepcionante, o confronto dos sobreviventes com o vilão final é medíocre, esperava muito mais do que foi mostrado, algo épico e bem trabalhado, no entanto, a conclusão consegue ser broxante, pelo menos na última cena houve uma certa redenção.


No geral, 31 acaba sendo bem decepcionante, não é um filme inteiramente ruim, dá para se divertir. A história é sim interessante, principalmente tudo o que envolve o jogo, porém os conceitos não são trabalhados com decência, assim como os vilões que são na sua grande maioria desperdiçados, pior que isso são os personagens canastrões que consegue ser tão desinteressantes e dispensáveis, na qual se destaca idolatrada e péssima Sheri Moon Zombie. No mas, é um filme violento, com algumas boas doses de gore e humor negro, mas nada além disso. Rob Zombie já esteve em melhor forma. Recomendado para os fãs do diretor. 



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Título Original: 31

Ano de Lançamento: 2016

Direção: Rob Zombie

Elenco: Sheri Moon Zombie, Jeff Daneil Phillips, Lawrence Hilton-Jacobs, Meg Foster, Kevin Jackson, Malcolm McDowell, Jane Carr, Judy-Geeson, Richard Brake, Pancho Moler, David Ury, Lew Temple, Torsten Voges, Elizabeth Daily.

Trailer:



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