Crítica | The Gracefield Incident (2017)

Algumas coisas não podem ser invisíveis...

The Gracefield Incident é uma produção independente dirigido, roteirizado e protagonizado por Mathieu Ratthe, que segundo ele mesmo, o projeto teria sido realizado no porão da casa dos seus pais, talvez por tal razão o filme tenha demorado mais ou menos uns três anos desde o início da produção até finalmente ser lançado, seja como for, a qualidade apresentada aqui apesar de não ser incrível, coloca no chinelo diversas produções com orçamento maiores e aparatos tecnológicos de última geração.

Na trama, Jess (Kimberly Laferriere) e Matt (Mathieu Ratthe) são um casal apaixonado que estão prestes a se tornarem pais, no entanto, um terrível acidente de carro acaba com os sonhos do casal. Meses depois, eles decidem passar um final de semana num chalé afastado da cidade, vendo nisso a oportunidade  perfeita de começar tudo de novo, para isso eles convidam alguns amigos e vão para o lugar. Chegando lá, o grupo se depara com uma enorme e chique cabana, porém, a diversão deles logo é atrapalhada quando um meteoro cai perto de onde eles estão. Curiosos, os jovens vão até o local e encontram um meteorito e sem querer atraem a atenção de uma misteriosa criatura que passa a persegui-los incessantemente.

Antes de adentrar nos méritos da produção, devo avisar que o filme adere ao estilo em primeira pessoa ou found footage, um formato bastante saturado que muitos destetam, eu, por exemplo, não sou um grande fã desse recurso, mas confesso que quando bem utilizado a experiência pode sim valer a pena, o que não é exatamente o caso dessa película, mas enfim... O projeto já ganha pontos por não ficar restrito a um único aparelho para capturar toda a experiência, o diretor é esperto e além de câmeras manuais, de seguranças e dos celulares, há uma em especial que chama a atenção que envolve um olho de vidro, achei bacana, apesar de não ser uma novidade no subgênero.

O roteiro é bem direto e não demora muito para instalar o caos e é ai onde a produção se sobressai as demais, o diretor simplesmente evita aquela construção lenta e já parte para o desespero coletivo, achei esse jogada muito boa, justamente por manter o ritmo sempre acelerado, porém, apesar desse acerto o roteiro não nos poupa dos clichês, como barulhos estranhos, vultos, jumpscares e gritaria, mas não é algo que chega a incomodar tanto como as várias atitudes estúpidas dos personagens. É literalmente um desfile de decisões ruins, uma atrás da outra, a começar pela péssima ideia de procurar um meteorito no meio da noite dentro de uma floresta desconhecida (!), que idiota faz isso?!

Como se não já bastasse à burrice dos personagens, todos conseguem ser apenas triviais, não consegui sentir empatia por nenhum deles, as atuações estão bem, mas bem medianas, sendo que o protagonista consegue ser o pior em tentar passar qualquer emoção ou sentimento de desespero. Os antagonistas são o porto forte da narrativa, de certa forma lembram esses filmes de ficção de Steven Spielberg que adora uma trama de alienígena, pouca coisa na mitologia deles é explorada, mas ainda assim rendem algumas boas cenas, gostei do fato do diretor não esconder a aparência deles a sete chaves, como a maioria dos filmes do estilo costumam fazer. Eles realmente conseguem botar medo e caracterização mesmo sendo toda em CGI é muito boa para uma produção independente.

Não esperem por grandes cenas de mortes, sangue ou qualquer coisa nesse estilo, o foco mesmo é no desespero dos personagens e nos sustos. Há algumas boas sequências de perseguições, como uma que acontece no milharal, mas a grande parte dessas cenas sofre pelas insuportáveis câmeras trêmulas e a gritaria incessante dos personagens. Como todo bom filme que se preze há uma reviravolta quanto aos objetivos dos aliens, algo que já havia deduzido bem lá atrás, então não acabei sendo pego totalmente de surpresa, mas com certeza poderá ter esse efeito em alguns, principalmente a finalização otimista que não é muito comum nessas histórias.

Num todo, The Gracefield Incident acaba sendo um bom filme do subgênero, claro!! Não existe novidades aqui e nada que já não tenha sido explorado, mas  no geral é um produto bem feitinho, com um acabamento legal e que não chega a insultar tanto assim nossas mentes, confesso que acebei gostando do filme, mesmo apresentado personagens idiotas cujas decisões são de uma estupidez anormal, mas a trama em si é bacaninha e tem um bom ritmo. Recomendado para os menos exigentes.

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Título Original: The Gracefield Incident

Ano de Lançamento: 2017

Direção: Mathieus Ratthe

Elenco: Laurence Dauphinais, Juliette Gosselin, Kimberly Laferriere, Alex C. Nachi, Mathieu Ratthe, Victor Andres Turgeon-Trelles.

Trailer: