Crítica | O Acampamento (2016)

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Alguns filmes simplesmente conseguem a façanha de chocar o espectador não pela sua história, mas principalmente pela sua violência visceral, crua e em muitos momentos quase insuportável de assistir. O Acampamento é mais ou menos nessa pegada, apesar de sua violência ser focada mais no lado psicológico, porém, não menos impactante e perturbador. Definitivamente não é um filme para qualquer um, principalmente para os mais sensíveis.

Na trama, Sam (Harriet Dyer) e Ian (Ian Meadows) é um casal feliz que resolve passar o feriado de Ano Novo no meio de uma floresta. Chegando no local eles se deparam com um paraíso e acabam percebendo um barraca aparentemente vazia  montada perto dali, no entanto, a situação se complica quando o casal se desespera com uma criança andando sozinha no meio da floresta e para piorar eles acabam virando alvos de dois caçadores cruéis dispostos a tornar o final de semana deles num verdadeiro inferno.

No que se refere a trama, não há muitas novidades, o roteiro escrito por Damien Power, que também dirige, trás a típica narrativa de um casal que vai para o meio do nada e acaba tendo que enfrentar psicopatas malucos, no entanto, apesar das claras limitações do roteiro, o diretor aborda de uma maneira diferente e peculiar o modo de contar a história, pelo menos no seu início. Ele divide a trama em três plots, um focado no casal, outro que mostra a família que estava na barraca abandonada e outro  em que acompanhamos dois caras que mais tarde se revelam os grandes antagonistas. Realmente achei interessante essa jogada, principalmente quando os três núcleos começam a se chocar. A dinâmica nesse ponto é bacana e muito eficiente.

Muitos poderão achar a condução meio monótona e arrastada, mas neste caso discordo plenamente, pois o diretor sabe muito bem trabalhar na construção de um suspense crescente que chega a ser insuportavelmente angustiante. Eu realmente queria que todos saíssem daquela floresta vivos e felizes, mas neste ponto a narrativa é cruel e imperdoável, os eventos até então chocam, não por apresentar um violência explicita e exagerada, muito pelo contrário, choca mais por ser uma violência tão singela e crua que acaba impactando mil vezes mais. O realismo é tão grande que você realmente começa a acreditar que algo assim possa acontecer. Sou extremamente sensível quando o assunto são crianças, então em algumas cenas para mim foi de partir o coração.

Os personagens também fazem toda a diferença, todos do elenco estão ótimos em seus respectivos papéis, as atuações estão realmente muito boas, o que acaba tornando tudo mais impactante. Os antagonistas também são bem trabalhados, apesar de achar que poderia haver uma exploração melhor nos motivos deles cometerem tantas atrocidades. Também achei válido o roteiro pegar muitos desprevenidos com a atitude covarde de determinado personagem, é algo que ninguém realmente esperava, mas totalmente compreensível, contundo, confesso que na hora a raiva é tanta que dá vontade de entrar na tela e matar o personagem.

Enfim, O Acampamento é um filme simples, mas totalmente impactante na sua condução, que recorre a um terror psicológico perturbador e insuportável, além de trazer uma violência crua e sem exageros. A produção é impactante, emocionante e acima de tudo com um forte teor pessimista, infelizmente nem tudo pode ter um final feliz. Na minha humilde opinião é uma das grandes surpresas do ano. Recomendo.   

Ps: O destino de determinado personagem fica vago, achei isso um grande tapa na cara. Mas, prefiro imaginar um final feliz para ele.

INSTAGRAM: EXPLOSÃO CEREBRAL

Título Original: Killing Ground

Ano de Lançamento: 2016

Direção: Damien Power

Elenco: Tiarnie Coupland, Harriet Dyer, Aaron Pedersen, Maya Stange, Aaron Glenane, Stephen Hunter, Mitzi Ruhlmann, Ian Meadows, Airlie Dodds.

Trailer: