Crítica | XX (2017)



Quatro contos mortais por quatro mulheres assassinas...



Depois da péssima experiência com Fitas Macabras (Crítica) minhas expectativas com XX caíram consideravelmente, entretanto, por mais que o filme tenha deixado a desejar é sempre interessante assistir antologias, justamente pelo fato das tramas retratarem situações incomuns e, claro, pelos envolvidos terem uma maior liberdade criativa. XX ganhou certo "hype" na internet pelo fato dos contos serem dirigidos somente por mulheres e ainda ser protagonizado por personagens femininas.

A película nos entrega quatro contos distintos e sem conexões, sendo o primeiro deles intitulado The Box no qual é dirigido pela estreante Jovanka Vuckovic, o segundo The Birthday Party onde a direção fica a cargo da cantora Annie Clark, o terceiro chamado de Don't Fall cuja diretora é Roxanne Benjamin que já trabalhou em outra antologia Southbound e por fim, Her Only Living Son  dirigido por Karyn Kusama, do excelente O Convite. Além desses segmentos as diretoras recorrem a uma animação em stop motion para fazer a transição entre um conto e outro, algo bem interessante mas sem propósito definido.


Em The Box acompanhamos Susan Jacobs (Natalie Brown, da série The Strain) e seus filhos Danny Jacbs (Peter DaCunha) e Jenny Jacobs (Peyton Kennedy) voltando para casa de metrô, eles sentam ao lado de um homem misterioso (Michael Dyson) carregando um caixa embrulhada para presente, isso acaba chamando a atenção das crianças. Curioso, Danny pergunta ao estranho o que têm na caixa, sem hesitar o homem pede para o garoto olhar dentro do recipiente, nisso o garoto fica impressionado com o que vê. A partir daí Danny simplesmente para de se alimentar e isso começa a preocupar seus pais que ficam sem entender o motivo. Desesperados eles procuram um especialista para diagnosticar o problema antes que seja tarde demais.

De longe um dos contos mais intrigantes, a trama inteira é construída sem qualquer informação ou explicação para o telespectador  e o resultado  é uma narrativa aparentemente simples recheada com muito suspense. O rumo que as coisas tomam chega a chocar, principalmente quando vemos as consequências de um ser humano ficar tanto tempo sem comer, palmas para a equipe de maquiagem!!. Porém, apesar de intrigante a diretora comete o erro de alongar demais a trama que poderia muito bem ter terminado naquela cena grotesca do jantar (Sim!! Aquela mesmo), ao invés disso a conclusão só nos deixa com mais perguntas e uma curiosidade enorme do que de fato havia naquela maldita caixa!!


The Birthday Party conhecemos Mary (Melanie Lynskey) que está correndo contra o tempo para organizar a festa de aniversário da sua filha Lucy (Sani Victoria), entretanto sem querer ela acaba dando de cara com o cadáver de seu marido David (Seth Duhame) que deveria estar em uma viagem de negócios. Assustada e sem saber o que fazer ela resolve esconder o corpo do falecido para não atrapalhar a festa da filha. Mas, como fazer isso quando o mundo parece conspirar contra você?

Bom, esse conto nem chega a ser um terror propriamente dito, ele se enquadra mais como uma comédia voltada para o humor negro. É até engraçado assistir Mary, na pele da ótima Melanie Lynkey arrastando um corpo pra lá e pra cá e sendo quase descoberta em vários momentos, em certas cenas chega a ser hilário!! Mas, confesso que a trama no geral é bem fora tom, principalmente se comparado com as outras passagens, mas valeu pelo leve entretenimento.


Já em Don't Fall temos o mais básico dos contos, nele conhecemos quatro jovens, Paul (Casey Adams), Gretchen (Breeda Wool), Jess (Angela Trimbur) e Jay (Morgan Krantz) que vão para um deserto qualquer acampar. No caminho eles encontram alguns desenhos gravados numa pedra, sem dar atenção os jovens resolvem acampar perto do local. Contudo, já de noite e quando todos estão dormindo uma das moças é atacada e levada por alguma coisa que a transforma em uma criatura sanguinária. Agora os sobreviventes terão que lutar para saírem vivos dessa situação mortal.

Esse segmento nem chega a ser de fato ruim, na verdade, é até legalzinho, mas de todos é o menos original. Pouca coisa é explicada, o roteiro não se preocupa em dar qualquer informação do que é a criatura e o porque dela atacar os jovens, então tudo que vemos é aquela luta pela sobrevivência típico de filmes de terror. Ao menos os efeitos e as mortes estão bacanas o que garante certo entretenimento, além disso, a presença de Angela Trimbur (que sou fã desde Terror nos Bastidores), também é outro ponto positivo. Enfim, no final das contas fica aquela sensação de que o conto é a introdução para algo maior, o problema é que nunca veremos o "algo maior". 


Por fim, Her Only Living Son nos entrega o segmento melhor estruturado em questão de roteiro e direção, isso é refletido pelo comando da já experiente no gênero Karyn Kusama ( O Convite e Garota Infernal). Na história somos introduzidos no cotidiano de Cora (Christina Kirk) e seu filho Andy (Kyle Allen) prestes a fazer dezoito anos. Entretanto, a rotina dela acaba virando um pesadelo quando seu filho começa a apresentar um comportamento violento e agressivo, o que a faz acreditar e temer que o seu passado, do qual vem se escondendo, tenha alguma culpa nisso.

Para mim, o grande acerto e maior ponto positivo da história é Christina Kirk. Cara!! Que atuação e que personagem "foda", isso sim que é o verdadeiro espírito de uma mãe que faz de tudo para ajudar e salvar um filho. O conto mistura o drama com o sobrenatural na medida certa e sem extrapolações. Acredito que muitos se pegarão lembrando do clássico O Bebê de Rosemary. No geral é um conto extremamente eficiente que deixa um gostinho de quero mais.


Fazendo um apanhado de tudo, o que acaba fazendo de XX uma boa pedida  é o nível de qualidade que os segmentos apresentam. De fato, em alguns faltou uma exploração melhor do roteiro e da mitologia. As finalizações também deixaram bastante a desejar. Mas no geral todos trazem histórias e personagens interessantes, inclusive são as atuações que mais chamam a atenção. Enfim, no final poderá ficar aquela sensação de que faltou alguma coisa, talvez um conto realmente impactante, mas num todo vale a pena conferir. Ao menos é melhor que Fitas Macabras (Crítica).


INSTAGRAM: EXPLOSÃO CEREBRAL

Título Original: XX

Ano de Lançamento: 2017

Direção: Roxanne Benjamin, Karyn Kusama, Annie Clark e Jovanka Vuckovic.

Elenco: Natalie Brown, Jonathan Watton, Peter DaCunha, Peyton Kennedy, Michael Dyson, Melanie Lynskey, Sanai Victoria, Sheila Vand, Lindsay Burdge, Casey Adams, Breeda Wool, Angela Trimbur, Morgan Krantz, Christina Kirk, Kyle Allen, Mike Doyle.


Trailer:



Comentários

  1. Achei esse filme uma extrema perda de tempo, detesto historias que parecem estar pela metade ou mal explicada, e ainda por cima sem fim. Esse papo de vamos deixar para a imaginação do expectador é muito chato. Por isso que ta com 4,7 no IMDb, eita filminho ruin!

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    1. Realmente tenho que concordar com você quanto ao fato das histórias não terem um fim ou não serem completamente explicadas, mas no geral é esse o lance de antologias, eu particularmente não gosto muito desse subgênero justamente por isso. Enfim, é tudo questão de gosto. Valeu por deixar sua opinião!!

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  2. Assisti a meses e até hoje tenho ódio da primeira história 😂 sou muito curiosa e não saber o que tinha naquela bendita caixa dá uma raiva, provavelmente a escritora nem pensou no que seria, mas a besta aqui fica se remoendo

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    1. Vou confessar que também tenho um ódio mortal disso até hoje.

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  3. É um filme para não se assistir e quem já viu deixa no esquecimento que é melhor.

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